Faz mais de um ano que Yuri Tanaka, 28 anos, e mãe de cinco crianças está imobilizada em uma cadeira de rodas. Para se locomover na rua, ou dentro de casa, depende do marido. Ela mora num conjunto habitacional em Toyohashi (Aichi). A família recebe o ‘seikatsu hogo’, auxílio pobreza oferecido pelo governo. O marido Akira Sainen teve que deixar o emprego para cuidar da mulher e dos filhos menores.
Vítima de dois acidentes, Yuri Tanaka teve diagnosticada uma doença progressiva, identificada pelas iniciais CRPS – síndrome da dor complexa regional. A doença rara e crônica é caracterizada por dor intensa e provoca a distrofia dos nervos. A brasileira está no segundo grau de invalidez, o que corresponde à perda de 80% dos movimentos do corpo.
“Os médicos japoneses alegam que não tem cura, é uma doença sem tratamento. Pretendemos voltar ao Brasil para buscar tratamento através do SUS, no Hospital das Clínicas. Temos dificuldade financeira também para estar voltando e para estar se mantendo”, afirma Akira.
O casal não têm o dinheiro das passagens para embarcar com as crianças ao Brasil. E também precisa de orientação jurídica para cobrar na justiça uma solução. Dois anos atrás a mulher trabalhava numa fábrica de auto-peças em Toyohashi quando teve a mão direita presa em uma caixa na linha de produção.Yuri conta que fraturou dois dedos, passou a sentir dificuldade nos movimentos do braço e foi substituída no serviço porque não tinha condições de trabalhar.
Ela recebeu na época uma indenização do ‘rosai hoken’, o seguro do governo que cobre acidentes de trabalho. Mas o dinheiro só foi suficiente para as despesas do hospital. A brasileira acha que a fábrica também tem que indeniza-la, e está tentando cobrar na justiça.
Pouco tempo depois do acidente de trabalho na fábrica a brasileira foi vítima de um outro acidente, desta vez de trânsito, ocorrido num cruzamento no bairro de Iwaya. Um motorista japonês não obedeceu a placa de pare, e atingiu o carro em que estava a brasileira. Embora trafegasse na rua preferencial, Yuri Tanaka teve 10% de culpa no acidente, segundo a polícia, pelo fato dela estar com o carro em movimento.
O outro motorista envolvido seria um funcionário municipal, que estava em horário de trabalho e que dirigia seu carro particular. Ele não pagava seguro contra acidentes. Na colisão a brasileira diz que bateu a cabeça, sentiu dores no corpo, e não imaginava que as consequências poderiam ser tão graves. Ela conta que três dias depois sentiu paralisar o movimento das pernas e do braço. E mais recente, começou a perder a visão do olho direito, a audição e teve a fala afetada.
“(O acidente) afetou meu braço, atrofiando o braço inteiro. Isso, paralisando da perna até o rosto. Depois o lado esquerdo e estou aos poucos perdendo o movimento. Cada dia que passa fica mais difícil movimentar”, relata Yuri. A expectativa do casal é que ex-colegas de trabalho possam testemunhar a favor de Yuri na ação trabalhista. E esperam também pela indenização do acidente de trânsito. Sem dinheiro, a família não tem como voltar ao Brasil em busca de tratamento médico.
Fonte:http://www.ipcdigital.com
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